Os claustros do antigo Governo Civil, em Vila Real, receberam nos dias 29 e 30 de maio, a sétima edição do Douro TGV, organizada pelo Regia Douro Park e pelo Município de Vila Real. A edição deste ano foi dedicada ao enoturismo, presente na região do Douro, classificada como Património Mundial da UNESCO, e que se propõe viver o território “de forma autêntica onde vinho, cultura e paisagem se fundem numa experiência singular”, tendo sido reforçado ao longo do evento, o foco neste setor estratégico, promovendo um encontro de vozes e experiências que contribuem para afirmar o Douro como destino turístico de excelência. Desde a primeira edição que o Douro TGV se tem assumido como um espaço de debate e valorização da região, promovendo práticas sustentáveis e inovadoras que projetam o Douro como referência nacional e internacional no turismo vitivinícola.
Enoturismo em debate no primeiro dia do evento
No primeiro dia, o evento abriu com uma sessão de boas-vindas protagonizada por Nuno Augusto, presidente do Regia Douro Park, Luís Pedro Martins, presidente do Turismo Porto e Norte, Jorge Sobrado, vice-presidente da CCDR-Norte e Rui Santos, presidente da Câmara de Vila Real.
Helena Teles, da CCDR-Norte, deu início ao ciclo de conferências com uma apresentação de elevado impacto, intitulada “Enoturismo do Douro – Património Mundial da UNESCO”. A oradora destacou o papel fundamental do enoturismo na valorização do Douro enquanto património vivo e dinâmico, reforçando a ligação entre cultura, paisagem e identidade.
Seguiu-se um painel de excelência dedicado às visões estratégicas para o setor, moderado por Manuel de Novaes Cabral, e com as participações inspiradoras de Catarina Santos Cunha, Paulo Osório (presidente da APENO) e Xoán Cannas, diretor do Instituto Galego do Viño.
No seu depoimento, Paulo Osório apresentou a missão e estratégia da APENO – Associação Portuguesa de Enoturismo, destacando a necessidade de reconhecer o enoturismo como uma verdadeira atividade económica, com enquadramento legal e estatístico próprio, nomeadamente através da criação de um CAE específico. Apontou o enorme potencial de crescimento do setor no Douro e no Norte de Portugal, comparando-o com a evolução dos vinhos DOC Douro nas últimas décadas. Defendeu a importância do trabalho colaborativo entre profissionais e empresas, à semelhança do que foi feito com o vinho, sublinhando a necessidade de profissionalização, formação, qualidade e inovação. A estratégia da APENO assenta em seis eixos estruturais — Oferta, Território, Identidade, Pessoas, Serviços e Promoção — e propõe a criação de um selo de qualidade e o desenvolvimento de estudos regulares que permitam conhecer melhor a realidade do enoturismo em Portugal.
O debate abordou ainda outras tendências, desafios e oportunidades que marcam o presente e moldam o futuro do enoturismo, num cruzamento de perspetivas nacionais e internacionais.
A tarde arrancou com uma conversa sobre as tendências do enoturismo moderada por Fontaínhas Fernandes, presidente da Liga dos Amigos do Douro e com as intervenções de Alexandre Sousa Guedes do CETRAD e Diretor Licenciatura em Turismo, Hélder Cunha, Enólogo, Produtor e Consultor, Casca Wines e Madalena Vidigal, comunicadora, formadora e consultora especializada em Enoturismo, Fundadora do EntreVinhas.
Em seguida, foram apresentados alguns casos de sucesso no enoturismo com Álvaro Martinho, diretor de Viticultura, Real Companhia Velha, Hélder Cunha, enólogo, Produtor e Consultor, Casca Wines e João Paulo Magalhães, diretor do Ventozelo Hotel e Quinta, uma conversa que foi moderada pela jornalista Susana Marvão.
Ao início da tarde, Mafalda Vidigal, especialista em comunicação de vinhos e fundadora do projeto EntreVinhas (site especializado em Enoturismo), partilhou um olhar privilegiado sobre as tendências emergentes no enoturismo. “Em 2025, o enoturismo vai-se tornar um dos principais canais de venda e promoção de vinho”, destacou. Sublinhou a crescente procura por experiências personalizadas — como workshops de culinária, caminhadas na natureza e eventos culturais nas adegas —, o protagonismo da gastronomia na harmonização com vinhos locais e a incorporação de atividades de bem-estar, como yoga, vinoterapia e retiros nas vinhas. Para Mafalda Vidigal, a sustentabilidade já não é apenas uma tendência, mas uma exigência incontornável, a par da inclusão de famílias e animais de estimação nas atividades das adegas.
A sessão de encerramento contou com as intervenções de Alexandre Favaios, vice-presidente da Câmara de Vila Real.
Momento enogastronómico promoveu confraternização
No final do dia decorreu um jantar onde os participantes puderam degustar alguns pratos típicos da região, contando com a harmonização com os vinhos vencedores da última edição do Douro TGV, a saber: Quilate Grande Reserva Branco 2021 – Produtor: Quilate Douro; Rebelo Gouveia Reserva Branco 2020 – Produtor: Quinta da 3ª Geração; 100 Hectares Filigrana Branco 2021 – Produtor: 100 Hectares; Casa do Poço Reserva Tinto 2020 – Produtor: Casa do Poço – Douro; Quinta da Oliveirinha Grande Reserva Tinto 2019 – Produtor: Alves de Sousa; Cadão Grande Reserva Tinto 2018 – Produtor: Mateus & Sequeira.
Mais de 100 vinhos estiveram a concurso no Regia Douro Park
Na manhã do segundo dia (30), decorreu um concurso de vinhos, nas instalações do Regia Douro Park, onde estiveram representados mais de 100 vinhos do Douro e Trás-os-Montes, e que contou com a participação de 36 enólogos nas provas cegas. Deste concurso saíram os seguintes vencedores: Casa D’Arcã Branco 2023 – Produtor: Casa D’Arcã; Costa Boal Homenagem Grande Reserva Branco 2019 – Produtor: Costa Boal Family Estates; Piano Reserva Arinto 2023 – Produtor: Carlos Alonso – Douro Wine Company, Lda; Roquette & Cazes Tinto 2022 – Produtor: Quinta do Crasto; Quinta do Cedro Reserva Tinto 2017 – Produtor: Quinta do Cedro; Vendaval Grande Reserva Tinto 2022 – Produtor: Vendaval.
Vinhos da região abertos à degustação nos claustros do Governo Civil
Durante a tarde, os claustros do antigo Governo Civil voltaram a ser palco de destaque ao acolherem um momento de provas aberto à comunidade, com a presença de diversos produtores da região do Douro e Trás-os-Montes. Representando as três sub-regiões do Douro — Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior —, e acompanhados por vinhos de Trás-os-Montes, os participantes tiveram a oportunidade de explorar uma ampla diversidade de estilos e castas. De brancos frescos a tintos encorpados, passando pelos inigualáveis Vinhos do Portos, foi um verdadeiro desfile de sabores que despertou os sentidos dos que marcaram presença nesta reta final do evento. Na mostra marcaram também presença agentes de turismo e outros sabores da região, como azeites, queijo, covilhetes de Vila Real e doces conventuais, também de Vila Real.
A sétima edição do Douro TGV reafirmou-se como um momento-chave para a valorização do território e a afirmação do Douro enquanto destino autêntico, sustentável e de excelência. Ao promover a cooperação entre os diferentes agentes económicos, culturais e institucionais, o evento reforçou o papel do enoturismo como motor de desenvolvimento e embaixador da identidade duriense. “É um momento de promoção do território, onde se apresenta o melhor que se faz na gastronomia, na enologia e no turismo”, sublinhou Nuno Augusto, presidente do Regia Douro Park, à margem do evento.