Ana Gomes, candidata à presidência da República, de visita a Vila Real, disse aos microfones da Universidade FM, no programa “Politicamente Incorrecto”, que enquanto presidente pode “fazer a diferença” que o país necessita.
“Acho que posso fazer a diferença. Precisamos de ter quem seja proativo numa articulação benéfica com outros órgãos democráticos, desde logo com o Governo, mas também convocar os cidadãos para os grandes debates”, referiu a candidata, que defendeu que o país “está sem rumo” e que necessita de “reforçar a democracia”.
“Penso que posso fazer a diferença com a experiência que adquiri. Como Presidente da República colocarei toda a minha experiência ao serviço dessa mudança estratégica”, continuou Ana Gomes, que reconheceu que não esconde o seu lado socialista, que tem orgulho nos valores do partido, mas que não se apresenta como socialista nesta eleição. “Quero congregar todo o campo democrático que quer fazer avançar o nosso país, com mudanças estratégicas”, disse.
Sobre o acordo polémico que permitirá o PSD chegar ao Governo nos Açores, com o apoio do Chega, Ana Gomes considera que esse entendimento está a ser feito “ao arrepio dos interesses do país, do arquipélago, mas também do próprio PSD”. “A minha posição seria completamente diferente do atual presidente, porque se trata de uma força de extrema direita xenófoba e contra-democrática”, explicou.
Processos judiciais que trabalham para a “prescrição”
A candidata falou do interior do país e do processo de regionalização, cujo ímpeto que foi “arrefecido” por Marcelo Rebelo de Sousa. Relativamente às eleições nas CCDR, Ana Gomes considerou que o Alentejo foi o único local onde a eleição foi verdadeiramente democrática. “No resto do país, a eleição foi por compadrio e isso não serve a democracia e a regionalização”, sublinhou.
Em relação à justiça, Ana Gomes considerou “intolerável” que processos como o do BES, assim como outros, “estejam a trabalhar para a prescrição”, porque “convém a certas pessoas”. “Não é falta de competência dos tribunais. É falta de coragem política”, referiu.
A candidata a Presidente da República falou, ainda, da secundarização das mulheres, cuja visão deve ser valorizada, uma vez que “podem fazer a diferença numa agenda de desenvolvimento e de justiça social” e da importância do cargo de presidente, que é o “garante do funcionamento das instituições democráticas”.
Por fim, Ana Gomes falou da sua atitude frontal, referindo que, como cidadã, não se sente capaz de deixar de dizer aquilo que pensa. “Se a minha posição (frontal) assusta? é bom que assuste. Não me resigno a manter este país na cepa torta. Não podemos continuar a exportar a melhor coisa que temos que são os portugueses”, declarou.
Em resposta a quem a considera “radical”, Ana Gomes deixou vincado que a sua radicalização “é para com a injustiça, o compadrio e a corrupção”. “Nisso sou e sempre serei radical”, concluiu.
Filipe Ribeiro