As últimas 24 horas têm sido de grande tormento para as povoações assoladas pelos incêndios que assolam o nosso país.

O distrito de Vila Real registou desde segunda-feira, diversas ocorrências de incêndios rurais em zonas de mato, que em alguns casos, chegaram a ameaçar aldeias e indústrias.

Os concelhos de Vila Pouca de Aguiar e Chaves foram os principais afetados. No caso de Vila Pouca de Aguiar, teve três grandes ocorrências em zonas distantes, tendo um deles passado para Vila Real pela zona de Covelo e Samardã, onde ainda progrediam as chamas esta manhã.

Vila Pouca de Aguiar com 11 freguesias afetadas

Em declarações à Agência Lusa, a autarca Ana Rita Dias, informou que apenas três das 14 freguesias do concelho não teve qualquer alerta de incêndio desde segunda-feira, antevendo avultados prejuízos na floresta e agricultura.

Desde segunda-feira, uma casa de habitação foi totalmente consumida pelas chamas na aldeia de Zimão, deixando um idoso desalojado, tendo sido atingidas pelo fogo pelo menos cinco casas devolutas e três armazéns.

Esta manhã estavam no terreno 68 operacionais, entre bombeiros e sapadores, distribuídos pelos três incêndios (Sabroso de Aguiar, Bornes de Aguiar e Vreia de Jales), que estiveram toda a noite no terreno, explicou a presidente do município, não se perspetivando um reforço de meios.

“A resposta é que está em lista de espera. É a resposta que temos tido desde segunda-feira. Só espero que entendam que o território não pode ficar em lista de espera com as catástrofes que temos verificado aqui”, declarou Ana Rita Dias.

Apesar do desabafo da autarca, o ponto de situação dado às 12h dá conta da presença de um meio aéreo em Vilela da Cabugueira, onde se encontra o “ponto mais crítico”, uma vez que se trata de uma área de pinhal com uma aldeia na parte de baixo (Sabroso de Aguiar) e outra na parte de cima (Vilela da Cabugueira).

Concelho de Vila Real também foi afetado

Também o presidente do município de Vila Real, Rui Santos, tinha afirmado no dia de ontem (17), em declarações à imprensa, que estranhava a demora em obter resposta relativamente a pedido de meios aéreos, numa altura em que as chamas passavam para a área do seu concelho.

O autarca vila-realense chegou mesmo a dizer haver “portugueses de primeira e de segunda e que as prioridades neste momento foram para os incêndios do litoral, esquecendo-se completamente do interior”.

Durante a manhã, o fogo que lavrava nas aldeias de Covelo e Samardã encontrava-se “calmo”, segundo declarações do comandante dos bombeiros da Cruz Branca, Orlando Matos, tendo “receio dos ventos previstos para a parte da tarde”, referindo a falta de meios disponíveis e “frescos” e criticando a falta de meios aéreos.

Circulação reposta

Desde segunda-feira que a A24 sofre constrangimentos por causa dos fogos, tendo estado cortada ao trânsito entre Vila Pouca de Aguiar e Vidago (Chaves) ao início da noite de terça-feira, por causa do incêndio que lavrava na zona de Sabroso de Aguiar.

A circulação nesta autoestrada acabou por ser permitida a partir das 03h de hoje (18), estando sem constrangimentos, informou fonte da GNR.

Outra das vias que esteve interdita por causa dos fogos foi a Estrada Nacional 2 (EN2) entre Vila Pouca de Aguiar e Vila Real, devido à proximidade das chamas, estando agora aberta à circulação, mas encerrada no troço que liga Sabroso a Vidago.

Operacionais posicionados nos fogos de mais risco

Os cerca de 300 operacionais disponíveis vão ser distribuídos pelos fogos que representem mais preocupações a nível de habitações em Chaves e Vila Pouca de Aguiar, adiantou o subcomandante regional da Proteção Civil do Alto Tâmega, Artur Mota.

“O dispositivo não é muito, mas o que há vai ser diluído pelas ocorrências que sejam mais preocupantes em termos das habitações”, proferiu Artur Mota, explicando que “durante a noite alguns dos homens estiveram a descansar e durante a manhã serão posicionados de forma a dar prioridade à defesa das populações e estarem preparados para quando os fogos reativarem”.

Segundo o responsável, durante a noite, a situação acalmou devido às condições meteorológicas mais favoráveis, motivadas pela descida de temperatura e mais humidade, no entanto prevê-se um agravar da situação com a subida da temperatura e os ventos fortes.

Em Chaves, o fogo que atingiu maiores proporções é o que lavra no planalto de Monforte.

Minuto de silêncio nos jogos da AFVR

A Associação de Futebol de Vila Real (AFVR) informou através das redes sociais que “em memória das vítimas dos incêndios que devastam diversas regiões de Portugal, assim como em homenagem a todas as pessoas afetadas por esta tragédia” foi decretado um minuto de silêncio a ser cumprido em todos os jogos a realizar no próximo fim de semana, dias  21 e 22 de setembro.