UM PAÍS DE MENDICANTES

Por: AF Caseiro Marques

Aproveitei uns poucos dias da passagem de ano para ler um dos vários livros que na Quadra Natalícia me foram oferecidos. Tratou-se da última obra de Jaime Nogueira Pinto, “De que falamos quando falamos de Direita?” O autor passa em revista, de forma meticulosa e sintética, todas as correntes filosóficas, políticas e sociais e as lutas entre esquerda e direita, desde os primórdios da democracia, inaugurada por Péricles na antiga Grécia, até aos nossos dias e de um modo especial em Portugal.

Ao ler este livro relembram-se e compreendem-se melhor muitas das guerras e revoluções verificadas um pouco por todo o mundo ao longo da História. E também as doutrinas e ideias de muitos, para não dizer todos, pois o autor fala em agitadores e ideólogos dos quais nunca atinha ouvido falar, quantos ao longo de séculos ou milhares de anos, contribuíram para os sistemas vigentes actualmente, sejam eles de cariz democrático, sejam ditaduras ou regimes autocráticos como acontece na China, Rússia, Coreia do Norte e Turquia.

Vale a pena ler este livro perceber o porquê de Trump ter sido eleito, por exemplo. E as razões para Trump ter escolhido para vice-presidente um homem que o contestou de forma gravosa, quase insultuosa, mas que reconheceu nele alguém que o pode ajudar a resolver alguns problemas, pelo conhecimento que tem do mundo e da vida em áreas a que ele, Trump, é alheio.

E Jaime Nogueira Pinto termina o seu livro com uma citação de J.D.Vance, o vice-presidente de Trump. “Nado e criado entre “deploráveis” da tribo branca pobre, Vance explica como a “esquerda económica”, podendo ser mais compassiva para como os seus do que as direitas, sempre fora “de uma compaixão desprovida de esperança, de uma compaixão que “tresanda a desistência”; e que, mesmo que se traduzisse nalguma melhoria material, acabava por “não servir para nada”. E Nogueira Pinto termina, continuando a citar Vance escrevendo que “assumir que uma pessoa é “inevitável e fatalmente desfavorecida” era ter por ela “a simpatia que se tem por um animal enjaulado no jardim zoológico”.

Acrescento que Vance se converteu ao catolicismo através da leitura da “Cidade de Deus”, de Santo Agostinho, por isso sabe bem o significado de “compaixão” e de “esperança”, essa mesmo, a esperança de que tanto tem falado a Igreja Católica e nomeadamente o Papa Francisco. Pus-me a reflectir sobre tudo o que li neste livro e nas palavras de Vance e em quantas situações já observei que é isto que se verifica em Portugal. Como recordo bem as palavras de Paulo Pedroso, quando veio a Vila Real, há anos apresentar o pograma do Rendimento Mínimo.

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Artigo completo na edição número 931 do Notícias de Vila Real.