Será lançado, esta quarta-feira dia 21 de fevereiro, o Dicionário Geral Monolingue da Língua Nyungwe (Gwanga la Mafala ya Ncinyungwe), no âmbito das celebrações do 20º aniversário do Centro de Estudos em Letras (CEL) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). A sessão, que assinalará também o Dia Internacional da Língua Materna, contará com a presença do autor da obra, Sóstenes Valente Rego, e a participação online do Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa.
O CEL, que está a comemorar 20 anos de existência, decidiu avançar com o lançamento público desta obra, que é já uma referência nos estudos das línguas africanas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). “Trata-se do primeiro dicionário monolingue de uma língua de um país africano de língua oficial portuguesa e o 5.º de qualquer língua africana”, destaca o diretor do CEL, Gonçalo Fernandes.
Além de contribuir para a diversidade linguística global, o lançamento desta obra é um contributo fundamental para a documentação e preservação da língua Nyungwe. “Este primeiro dicionário monolingue é um marco para a história da lexicografia moçambicana. A Língua Portuguesa coabita no espaço da CPLP com três centenas de línguas vivas, o que representa 5% da diversidade linguística mundial”, sublinha Zacarias da Costa.
Falado por uma parte significativa da população em Moçambique, nomeadamente na província de Tete, este idioma integra o grupo das línguas bantu, que se caracterizam por uma estrutura gramatical e um vocabulário partilhados, embora haja variações regionais e dialetais significativas. Com 5768 lemas, o dicionário de Nyungwe inclui entradas com a classificação da classe de palavras, a transcrição fonética, a classe nominal e outras informações que podem ser úteis ao leitor, como ideofones e/ou onomatopeias, palavras cognatas, referências culturais e/ou históricas, nomes de terras e/ou regiões.
Natural de Marara-Tete [Moçambique], Sóstenes Valente Rego (Sisito Matete, de seu nome étnico/ ancestral) é linguista, investigador integrado do CEL e falante bilingue de nyungwe e português. Em 1990, obteve uma bolsa de estudo para cursar Língua e Cultura Portuguesa (Língua Estrangeira) em Portugal. Integrou um dos primeiros contingentes de professores moçambicanos do ensino secundário, logo a seguir à independência daquele país, tendo lecionado disciplinas de Educação Política, História, Economia Política, Noções de Comércio, Português. Mais tarde, foi professor universitário, tendo ainda lecionado em Portugal e em Timor-Leste.