Por: AF Caseiro Marques
Vinte e cinco anos constitui um marco na vida de qualquer instituição. Foi em 29 de Setembro de 1998 que este jornal viu a luz do dia. Lembro-me bem. O Salão Nobre da Associação Comercial de Vila Real abriu as suas portas para receber as chamadas forças vivas da altura. Vimos ali personalidades e representantes de praticamente todas as instituições da cidade, militantes de todos os partidos existentes na altura, cidadãos apartidários, mas amantes desta cidade, que viram no aparecimento deste jornal o nascimento de uma nova era. Passados vinte e cinco anos, podemos afirmar, sem dúvida nenhuma, perdoem-me a imodéstia, que o Notícias de Vila Real (NVR) contribuiu decisivamente para muitas mudanças na sociedade de Vila Real.
Aqueles que anunciaram o abortamento da iniciativa de três “Mosqueteiros”, a curto prazo, enganaram-se redondamente, como refiro na entrevista que vai publicada noutro local desta edição. Unia esses três fundadores, Eduardo Paiva Rodrigues, Adelino Pires e eu próprio, o amor a Vila Real, a preocupação com a vida dos cidadãos em geral e a necessidade de um órgão de comunicação social que pusesse a nu alguns constrangimentos ao desenvolvimento da cidade e da região e os vícios políticos que um poder omnipresente procurava manter a todo o custo. Daí as lutas que tivemos de travar e a oposição que sofremos e as tentativas de nos calarem, ao longo de mais de uma dezena de anos, servindo-se de detractores conhecidos e de críticos de esquina, roídos de inveja por não terem conseguido vencer-nos e verem-nos caídos no esquecimento.
Foram tempos muito difíceis. Dificuldades financeiras, ausência de apoios, críticas infundadas de ausência de pluralismo, oposição a alguns colaboradores. Alguns foram os que deixaram de colaborar connosco acossados pela perseguição política ou pelo manifesto incómodo quando tinham de ocupar alguma função de nomeação. Era o tempo da política suja, das perseguições motivadas por interesses mesquinhos.
Nunca nos demos por vencidos. Tudo enfrentámos com denodo e frontalidade, com prejuízos profissionais e sociais. Com custos para a nossa vida financeira e familiar. Com amesquinhamento e acções em Tribunal, prontamente arquivadas, como não podia deixar de acontecer.
Durante estes vinte e cinco anos, muitas coisas positivas aconteceram à sombra deste jornal. Mais uma vez remeto para as entrevistas publicadas noutros locais desta edição: a minha e a do Senhor Adelino Pires, este um esteio fundamental do NVR e uma das pessoas que mais admiro em Vila Real. Quem alguma vez lidou com este íntegro cidadão sabe ao que me refio e às qualidades que sempre evidenciou ao longo da sua vida.
Sobre o companheiro e amigo Eng. Paiva Rodrigues, apenas digo que se trata de um cidadão exemplar, igualmente íntegro e a quem Vila Real muito deve. Porém, ao contrário de outros que pouco ou nada fizeram desinteressadamente, nunca viu o seu trabalho e dedicação a Vila Real ser condignamente reconhecido, nem sequer pelos que dele se serviram pelas mais diversas formas, como profissional, político, Homem de Acção e dedicação à causa pública e às diferentes instituições que serviu. Mas sabemos bem o que significa a ingratidão.
Uma última palavra para desejar que o NVR continue, que possa crescer e que, agora já adulto, contribua para ajudar a colocar Vila Real no mapa, dando voz aos insatisfeitos, aos críticos e louvando os que agem em prol da cidade e da melhoria das condições de vida dos que aqui nasceram e dos escolheram esta cidade para estudarem, trabalharem ou viverem, honrando o seu editorial e a memória dos que nos antecederam.
Que possa comemorar outros vinte e cinco anos.
1 – Lembram-se do que escrevi aqui, neste espaço, há 15 dias atrás, quando disse que Portugal continuava a ser um país que se identifica com o Futebol, Fátima e Fado. Pelos vistos não estou enganado. Marcelo, que é o Presidente desta espécie de República de Chicos-espertos e de Bananas, veio agora apresentar uma identidade, segundo ele, ainda mais completa. E fê-lo, sem pejo, no estrangeiro, perante portugueses, daqueles que tiveram a necessidade, por um lado, e a coragem, por outro, de sair daqui para fora, para mostrarem do que os portugueses são capazes: serem empreendedores, trabalhadores, competentes, enriquecerem e mostrarem que não se arrependem de ter saído. Então, aí vai, para quem não leu ou ouviu, o que Marcelo disse no Canadá, na passada semana: “Vocês mostram o que nós somos. Somos fado, somos bacalhau, somos caldo verde, somos cozido à portuguesa, somos o vira, o corridinho e o fandango. Somos Ronaldo.” Faltou Fátima, mas desse elemento da nossa identidade, apenas uma parte de alguma esquerda duvida. A generalidade do povo revê-se em Fátima. Marcelo no seu melhor papel de “bobo da corte”, papel que um avô costuma desempenhar nos aniversários dos netos, mas que fica mal num político com a responsabilidade de Marcelo.