No número 21 do Largo do Pelourinho, junto à Avenida Carvalho Araújo, chama atenção dos curiosos um café peculiar de seu nome Café Club, aberto ao público desde o passado dia 24 de novembro.

Ao entrar, somos abordados por um funcionário que questiona gentilmente o número de elementos e indica uma mesa no modesto, mas requintado espaço de café onde se pode admirar a decoração e ouvir música ambiente, enquanto nos deliciamos com os aromas dos hambúrgueres, tapas e gelados. É assim ao longo de todo o dia, desde o pequeno-almoço até ao jantar, os clientes entram e saem do espaço que rapidamente se assume como ponto de encontro.

Composto por três pisos, no rés-do-chão encontra-se o café que pode ser frequentado durante todo o dia, no primeiro andar encontra-se o café-concerto, espaço dedicado à cultura possuindo um palco para atuações ao vivo e aberto apenas ao fim de semana e vésperas de feriado, mas que pode ser alugado para eventos particulares e ainda o menos um, onde se encontra a cozinha e casas de banho do espaço.

O espaço está aberto durante a semana até à meia-noite e até às duas nos dias feriados e fins de semana e dispõe de um serviço de refeições rápidas como hambúrgueres, pregos e sandes e um serviço mais dedicado às tapas.

Durante a semana existe a possibilidade de alugar o piso do café-concerto para eventos particulares como workshops, palestras e almoços ou jantares de empresas.

Este é um lugar especial para Edgar Florindo, proprietário e uma cara conhecida dos vila-realenses, foi ali que começou a trabalhar com 16 anos e desde sempre teve vontade de adquiri-lo. Tentou fechar negócio, mas só acabou por conseguir depois da requalificação da avenida, tendo depois passado por um processo de reabilitação do edifício.

O legado dos café-concerto

O nome Café Club é uma alusão a outro espaço que existiu uns metros mais acima, onde hoje se encontra uma instituição bancária, também ele com o mesmo nome. Inaugurado em março de 1917, o estabelecimento manteve-se em funcionamento até finais do século XX, tendo já na altura três salas, o Teatro-Circo, o Salão High-Life e o Teatro-Salão e albergando o Club de Vila Real, encarregue pela atividade cultural do espaço.

Edgar Florindo procurou conhecer junto de historiadores o passado dos café-concerto na cidade e a importância que estes espaços tinham para a sociedade da época, no seu entender, passados 100 anos, os cafés que Vila Real possui “não são tão bons” como os que existiam na época, daí a necessidade de dar à cidade um espaço que fizesse jus a esse legado.

O local onde agora se situa o Café Club “moderno”, outrora albergou o Café A Brasileira, que ainda hoje pode ser encontrado em Lisboa, Porto e Braga e que noutros tempos também abriu portas por terras de Trás-os-Montes. O proprietário, porém, identificando-se mais com o primeiro, acabou por seguir com a ideia e torná-la realidade.

Local de convívio e de encontro

Logo no dia da inauguração, o espaço tornou-se pequeno para o número de curiosos que acorreram a conhecer as novidades que este local tinha para oferecer, levando a que fosse estabelecido um limite de entrada, de modo a garantir uma experiência de qualidade aos que já se encontravam no seu interior.

No entanto, o feedback recebido pelo proprietário é “muito positivo”, tanto a nível de espaço como de decoração. Segundo este, “a avenida precisava de um sítio destes” e é o que as pessoas com quem se tem cruzado têm comentado.

Apesar de ser um espaço recente e que ainda está a criar as condições logísticas para poder dar aos seus clientes a toda a experiência possível, a preocupação de Edgar é que o Café Club seja um local de “convívio, união e de encontro” convidando todos a aparecer e experimentar este novo estabelecimento.

Carlos Pereira Cardoso