A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) abre as portas da sua biblioteca para a apresentação dos livros “O que se passa na infância” e “Enterrem-me na vertical” a 26 e 27 de fevereiro, respetivamente. As sessões contarão com a presença dos autores das obras.

Assinada por João Pedro Gaspar e Paulo Guerra, a obra “O que se passa na infância não fica na infância” compila testemunhos de 50 personalidades para sensibilizar, prevenir e combater a problemática e o impacto dos maus-tratos infligidos a crianças. Com apresentação de Ricardo Barroso, docente da UTAD, a sessão está marcada para amanhã, 26, pelas 14h.

Editada pela Editora d’Ideias, a obra inclui meia centena de depoimentos de personalidades com ligações pessoais ou profissionais à proteção de menores e ao seu saudável desenvolvimento, evidenciando as consequências irreversíveis e duradouras das experiências adversas na infância. Ao longo de mais de 200 páginas, estas abordagens multidisciplinares ajudam a contrariar a invisibilidade do trauma vivido na infância e alertam para a necessidade de os profissionais se capacitarem para uma abordagem sensível ao trauma, que permita reconhecê-lo como tal, conhecer os seus efeitos e responder-lhe de forma hábil e reparadora. Lançado em maio de 2024, “O que se passa na infância não fica na infância” é um apelo à cidadania para que cada um possa estar atento para denunciar, integrar e tratar o trauma infantil.

A 27 de fevereiro, pelas 15h, terá lugar a apresentação do livro “Enterrem-me na Vertical. Dr. Cabaninhas – uma vida pela Liberdade”, da autoria de Clara Macedo Cabral. Seguir-se-á um debate sobre a obra e o seu contexto, com a presença do professor e ex-deputado José Bianchi e pelo eurodeputado Francisco Assis.

Esta obra biográfica, escrita pela mão da neta, dá a conhecer a figura de José Alberto Rodrigues, comummente apelidado de “Dr. Cabaninhas”. Nascido em 1905, na aldeia de Cabanas, este advogado de renome no Norte de Portugal escudou-se no ideário republicano e participou na Revolta de Fevereiro de 1927. Ao folhear as páginas deste livro, o leitor descobre os meandros familiares de quem se envolveu na luta contra o antigo regime. Através das vozes e das memórias das tias, Clara Macedo Cabral resgata as consequências das opções políticas do progenitor, que foi perseguido e preso pela polícia política em 1933. Foi depois deportado, torturado e julgado no Forte de São João Batista em Angra do Heroísmo, na sequência de outro golpe reviralhista. Libertado com sequelas físicas, vê-se expulso da função pública e procura o exílio em Espanha, onde beneficia da solidariedade da população galaico-portuguesa.